DEPOIS  DO  PÔR   DO  SOL

Numa manhã quando saía do elevador, Lóri esbarrou num homem. Seus livros e material de trabalho caíram no chão. Ele prontamente a socorreu. Assim seus olhos se cruzaram pela primeira vez. Lóri sentiu algo especial por aquele homem moreno, de cabelos castanhos e olhos expressivos. Ela passou o dia inteiro no trabalho, envolvida com relatórios, mas sempre se surpreendia pensando nele.

No dia seguinte , ela seguiu para o trabalho com um certo brilho no olhar. Desejava muito revê-lo, o que não aconteceu. Após alguns dias ficou triste ao sentir que não o encontraria mais.

Após dois meses quando estava numa locadora escolhendo uns filmes, uma pessoa tocou o seu ombro. Lóri quase não acreditou. Era o homem que conhecera no elevador. Começaram a conversar. Lóri soube que ele se chamava Ulisses, era jornalista e que começara a trabalhar há pouco tempo no maior jornal da cidade. Após uma longa conversa, descobriram que tinham muitas afinidades. Na despedida, Ulisses prometeu telefonar  no sábado, para um encontro.

No final da tarde de sábado o telefonei tocou. Era Ulisses. Lóris ficou radiante.  À noite saíram, foram a um barzinho num recanto à beira – mar. Tudo perfeito:  Noite de lua cheia, luz de vela, um bom vinho tinto e uma linda vista do mar. Depois daquela noite nunca mais se separaram. Compartilhavam  sonhos, planos e as pequenas sutilezas do dia- a dia.

Já estavam juntos há mais de cincos anos, quando marcaram um encontro numa praia para ver o pôr – do- sol.  Ulisses se atrasou. Ficou preso no trânsito.  Quando chegou viu que o mar estava azul e que no horizonte se confundia com o azul do céu. Mas não viu Lóri, encontrou apenas na areia da praia, seus sapatos, sandálias, vestido , calcinha,  sutiã e suas pegadas em direção ao mar.  Lóris simplesmente desaparecera.

Atualmente, quando olha para céu ou está diante do mar, Ulisses sempre lembra dela. E continua com mesma dúvida: Será que ela é uma estrela ou uma linda sereia?

Texto :Roberto Passos do Amaral Pereira.

Imagem : google