Cadeira De Balanço
Ontem eu fui na casa onde nasci e passei minha infância e adolescência. Fui pegar uma cadeia de balanço que minha mãe me deu. Pertencia a minha avó. Quando entrei na casa me senti criança novamente. Ali estava o relógio cuco, xodó na minha avó, que tanto me fascinava. Ele hoje já não toca, não precisa, pois ouço seu canto dentro de mim. Na sala, o lustre em forma de gota de chuva.. Do lado direito, um rádio grande de madeira que meu avô costumava ligar bem alto, para desespero da minha avó. No alto das paredes, quadros dos meus bisavós e uma imagem de Jesus Cristo no Alto das Oliveiras. .A cristaleira onde minha avó guardava os doces de coco e de mamão, ainda mantém o charme daqueles tempos.
A cadeira de balança está ali, em frente a televisão. Parece que o tempo parou. É como se minha avó ainda estivesse aqui, sentada, lendo o seu jornal. Mas ela faleceu há uns 15 anos. Era uma mulher de personalidade forte, de voz firme, mas que sempre revelava um grande carinho. Na minha memória minha avó permanece sentada em sua cadeira, lendo em voz alta as últimas notícias do jornal. Foi assim durante toda a minha infância. Eu menino, ao seu lado, ouvia com atenção seus comentários. Sua voz firme, mas ao mesmo tempo suave, foi companheira das minhas tardes. Gostava de ficar no seu quarto, mexendo em suas peças de decoração que ficava em cima da penteadeira. Sempre me oferecia um pedaço de doce de mamão, que ela mesmo fazia. Nas manhãs da minha infância, eu a ajudava a cuidar dos seus canários- belga. Ainda sinto na boca, o sabor das uvas do seu quintal, principalmente as verdes que eu pegava escondido.
Agora, a cadeira de balanço está na minha varanda, e meus filhos brincam ao meu lado. Sei que ela está aqui, sinto sua voz em meu coração e nas histórias que conto para os seus bisnetos.
Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira.
Imagem: www.coracao.bazar.nom.br (Google)
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