Doses De Prosas E Versos

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Local: Vitória, E. Santo, Brazil

Apenas alguém que brinca de ser poeta. Site onde publico: http://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/

sexta-feira, novembro 25, 2011

Quem Somos Nós


Certo dia, num bate-papo com um colega tentávamos traçar um perfil psicológico dos médicos, e em particular dos pediatras quando fomos interrompidos. Fiquei curioso e em casa procurei respostas nos tratados de Freud para entender porque nós pediatras continuávamos a acreditar em nossos governantes, na melhoria de salários e no Sistema de Saúde. Seria fixação na primeira infância? Continuávamos a acreditar em Papai–Noel, cegonha e contos de fadas?

Trilhei a seguir o mundo do cinema, e tentei me identificar com o E. T, Estranho no Ninho ou Blade Runner.

Seríamos talvez masoquistas com os sentimentos de culpa enraizados culturalmente pelas várias tendências religiosas que nos ensinaram que deveríamos sofrer para ganhar o reino do céu?
Seria carma então ser pediatra?

Nas artes plásticas me senti como um quadro impressionista ou surrealista, admirado, porém pouco entendido.

Na literatura reli Maquiavel e busquei um paralelo entre o complexo sistema político-econômico brasileiro e nós, pediatras.

Já estava me dando por vencido quando senti que as respostas não estavam no mundo exterior. Olhei então para dentro de mim, e descobri que era apenas um ser humano que ainda acreditava no amor como a única razão para se viver. Assim seríamos, e somos, todos nós pediatras.

Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira
Imagem: google

Deliciosa Morada Ao Lado


no mundo paralelo da memória
delicioso jogo
mora apreço
baralho de sentimentos
beijos amadeirados
fome de nome
toque no rosto
mãos em teu corpo

Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira
Imagem: Google

Música



Uma tarde qualquer de um dia comum, saio para um passeio vagabundo pela rua do meu bairro. Na primeira esquina encontro uma menina sentada na calçada. Ao seu lado, seu cão preso a uma coleira. Os dois conversam alegremente, pois o cão sorri balançando freneticamente o rabo. Mas nem todos estão alegres. Observo um motorista irritado, gesticulando nervosamente devido a um pequeno engarrafamento. Porém, em outro carro, uma mulher de meia-idade, com os cabelos soltos ao sabor do vento, com um sorriso nos lábios balança a cabeça acompanhando a batidas da música de seu carro. Com sensibilidade e inteligência emocional ela sabe como evitar o stress.

Num barzinho em frente, um casal de enamorados trocam beijos compartilhando um mp3, alheios a tudo e a todos. Com certeza estão ouvindo a música que embala seus sonhos e fantasias. A música tem este poder! Ela nos faz flutuar, viajar, traz recordações, marcam e eternizam datas e momentos.

A música sempre me fascinou. Minha mãe conta que eu quando tinha uns cinco anos, já era fascinado por música, e em particular por "Banho de Lua". Toda manhã essa música tocava no mesmo horário, assim eu acordava cedo, e para ligar o rádio, como era pequeno, abria e subia na gaveta de um móvel para alcançá-lo. Ficava ali parado, enfeitiçado pela melodia.

Desde então a música me acompanha. Costumava sair com meu pai para comprar os discos de Roberto Carlos. Meu pai também gostava de ouvir bem alto as músicas de Nat king Cole, temas de filmes e os sambas de Miltinho. Passei minha adolescência ouvindo essas músicas e as dos Beatles( que amo), de quem uma amiga era fã.

Penso que todo mundo têm suas músicas preferidas, aquelas que marcaram um acontecimento especial, mesmo não sendo uma pessoa muito romântica. Eu tenho algumas que sempre me trazem doces recordações e que acariciam e beijam a minha alma. Se existe algo divino na terra, com certeza a música é preenche esse lugar. Bem, vou ficando por aqui, quero mesmo é voltar para rede e ouvir minhas músicas prediletas.


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira

Imagem: google

quinta-feira, novembro 24, 2011

Amor Também Mata


com fome de ti
da janela
grito teu nome

com sede
na rede
espero que deite comigo

umbigos colados
sinto teu gosto
morro de gozo

Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira
Imagem: Google

Obra De Arte


quando me habitas
em ritmo constante
brisa sussurra segredos
instante de flor
indescritível felicidade
obra de arte de amor


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira
Imagem: Google

quarta-feira, novembro 23, 2011

Lágrimas De Mar


A voz do mar
ondula teu nome

bate nas pedras
águas de saudade

na praia
entre areia e estrelas
mareja meu olhar


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira
Imagem : google

terça-feira, novembro 22, 2011

Dor Musicada Pelo Menino


as cordas do cavaquinho
menino transparente
revela a pele da dor
de um grande amor

valente
defende com unhas e dentes
a flor de mulher despetalada
do jardim de vida arrancada

dedilhando baixinho - pensa
a vida não é um chorinho de uma nota só
é emoção nas' águas de março que enchendo o verão"


Texto : Roberto Passos do Amaral Pereira
Imagem : google ( quadro de Portinari )

segunda-feira, novembro 21, 2011

Mãos Que Me Acolhem


num átimo
o sol se põe
compondo com sua silhueta
uma beleza sem igual

em seus braços de mar de mulher
a percepção do seu olhar
reconfigura palavras
- sua fala me silencia -

permeados de afinidades / cumplicidade
abstrações/ paradoxos
em mão dupla
nossos corpos conjugam
amor/desejo/libido/tesão

em noite de lua e estrelas
adormeço em suas mãos


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira
Imagem : google

domingo, novembro 20, 2011

Um Pouco De Mim


Nesta vida há quem duvide, mas não sou de entrar em brigas, mas quando entro ralo até a barriga. Não tenho medo de dores e feridas. Sei que estou mais para uma brisa,ou no máximo para um vento sul que não assusta. Sou mesmo bom de lutar por amor; para buscar uma flor para os olhos da amada; ou atenuar as dores de meus pequenos pacientes.

Consciência eu tenho, mas às vezes atrapalha. É preciso ser um pouco inconseqüente para viver o presente com mais intensidade. Um pouco de loucura é sempre muito bom.

Paciência tenho, porém não o suficiente, pois tem gente que abusa. Há dias que falo muito, mas normalmente sou mais de ouvir. Sorrir, eu gosto, mas pouco coisa hoje em dia me faz mostrar os dentes. Carente, penso que não sou, mas sou louco pelo colo de minha mãe.

Se deseja me agradar, é simples: um livro enche o meus olhos. Amo a textura e o cheiro de cada página. Quando leio saio do lugar, viajo além - mar, sou cavalheiro errante, sou um pássaro a voar.

Tenho uma amiga que diz que eu tenho alma feminina. Pode até ser. Eu não entendo de carro,não consigo diferenciá-los. Não gosto de futebol e não gosto de falar de conquistas amorosas ou coisas parecidas. Pensando por esses ângulos, acho que ela pode ter razão.

Machão, tento não ser, mas às vezes escorrego. Força e fruto de criação, mas procuro ficar atento. O momento pede outra postura.

É preciso ser firme, mas com doçura, ser forte, mas com equilíbrio. Também sei que é preciso não ter medo de chorar. Há muita candura e coragem no olhar de quem mostra seus sentimentos.

Às vezes me acho criança. Nada mal para um cinqüentão. Afinal, tudo fica mais simples e sem preconceitos na visão de um menino.

Também sei que é preciso muita poesia para humanizar a vida.


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira

Imagem: arquivo pessoal

Dois Em Um



a noite me apanha
esparramo em sua cama
nus
ritual de possibilidades
melodias de deleites íntimos
trocas de olhares
flui amor/ admiração / respeito mútuo
desapareço em suas entranhas
úmido
pleno
uno

Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira
Imagem :google

sábado, novembro 19, 2011

Possível Delírio



na calada da noite

vida anda em círculo

quando todos gatos são pardos

lua compartilha lembranças

ouço meus próprios passos

limiar

barreira invisível

ilusão / realidade

penso / repenso

invento / descrevo

danço tango de liberdade

saudades



Texto: Roberto Passos do Amaral
Imagem: google

Cardápio De Amor


noite pronuncia
alternativas:
cinema
barzinho
música
leitura de poemas
confidências
sensualidade de tua geografia
beijos calientes
sob os olhos da lua


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira
Imagem : google

sexta-feira, novembro 18, 2011

A Vida Como Ela poderia Ser


Mais um dia de sol. Acordo pela manhã com uma preguiça no corpo, um sorriso na alma. Antes de levantar da cama sou surpreendido por um beijo amigo do meu filho, impulsionado por sua saudade sentida no seu tempo imaginário.

O cheiro de café fresco impregna o ambiente. Na mesa, o pão quentinho é saboreado com calma e carinho, fazendo o meu desjejum. O jornal chega pelas mãos do porteiro, anunciando a manchete do dia.

Bem, estou pronto para mais uma caminhada matinal. Na rua, revejo os companheiros que, como eu, procuram manter o vigor físico, os corpos em forma, tentando o que parece impossível: frear os desgaste do tempo. Após uma hora, estou com o corpo suado, cansado, porém, com um enorme bem-estar .No banho a água caindo delicadamente no meu corpo traz a lembrança das carícias da mulher amada, dos momentos de êxtase, em que toda a sua feminilidade desabrochou ao meu toque.

Doutor! Doutor! Tem uma criança para atender!

Pô! O sonho acabou! O Sacerdócio me chama. Viva a pediatria!


texto: Roberto Passos do Amaral Pereira

Imagem : google

Pulsação


tarde anuncia
suscita fluxo de pensamentos
ponto a ponto
detalhe a detalhe
desdobramento
envolvimento
gravura de palavras
perpetua vontades
pulsa saudades


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira.
Imagem : google

sábado, novembro 12, 2011

Sob A Luz da Lua

Tarde nublada. Uma voz sussurra saudades na calada na minha alma,um lago profundo, nem sempre sereno que se faz pequeno diante dos mistérios da vida.

O tempo passa manso e preguiçoso e pede socorro à poesia. Sem avisar, meu olhar de desejo busca o beijo roubado;os livros compartilhados, os sonhos adormecidos, escondidos no canto da alma, nem sempre pequena, mas antenada e cheia de vontade de fazer seu destino. Deixo o sentimento chegar, e como o mar, me banhar. Anoiteço sob a luz da lua.


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira.

Imagem: google

Desabafo


Numa folha em branco coloco meus sentimentos, registro meus momentos de alegrias e dores. Numa toalha branca enxugo as minhas lágrimas, folhas caídas da árvore da vida.

`As vezes me pego com os olhos marejados, repousados na despedida da poesia. Afastado de minhas atividades, bate uma saudade do corre- corre da labuta;dos colegas e amigos de profissão; da gostosa luta em busca do pão nosso de cada dia. Meu tempo agora é de repouso, medicação e reflexão. É preciso aceitar que a vida segue seu rumo, e que todos ao meu redor precisam, e devem continuar buscando seus sonhos e desejos. É necessário encarar o medo, e não fugir do reflexo do espelho.

Meu braço direito, enfraquecido e atrofiado pelo destino, tenta imobilizar este homem de alma de menino. Em alguns momentos, o sorriso me foge por entre os dentes, feito semente que não encontra um solo fértil; uma tristeza e uma angústia toma conta do meu peito. Tudo isso é um processo natural que precisa ser vivenciado com muita intensidade, pois sempre propicia um crescimento pessoal.

Durante essas "crises" saio pelas ruas do meu bairro, de bermuda e sandália de dedo, a passear com minha cadela da raça Shit- tzu. Sem pressa e sem destino, sigo o caminho da emoção: Flores amarelas de ipê na calçada, com cheiro de cor, formando um tapete no chão; crianças brincando nas praças; um bem- te - vi num galho de árvore; o olhar de sabedoria de um idoso; o sorriso de uma criança lambuzada de sorvete; um verde jardim exalando beleza; uma flor desabrochando na janela; uma mulher esperando um barco a vela; o canto de um quero- quero; a sonoridade de uma concha e o mar que não tem tamanho.

No silêncio, na crença que nele a fala é mais intensa e verdadeira, caminho a passos mansos, feito anjo passeando pelas nuvens em dívida com a lua, essa deliciosa criatura que desliza afago quando abre os braços e nos acolhe com ternura. Mas ainda é dia, e o sol chega sorrateiramente, acariciando com seus raios de afeto a minha pele. Rege uma doce sinfonia de calor e magia. Aqueço a alma e me sinto no ventre materno, no belo aconchego do líquido do amor sem fronteiras.

Neste instante, vem a certeza de que ainda há esperança para quem conserva a criança dentro do coração; para quem traz nas mãos o sorriso desprovido de malícia; e para quem vive com simplicidade o menino travesso, avesso ao medo de ser feliz.


Texto:Roberto Passos do Amaral Pereira

Imagem: google

sexta-feira, novembro 11, 2011

Praia Da Curva Da Jurema



Mais uma vez estou na Curva da Jurema, localizada na parte leste da cidade - entre a Praça dos Desejos e a Ilha do Boi - com uma bela vista das ilhas do Boi e do Frade. Cito “mais uma vez” porque este é um lugar onde, decididamente, jamais arriscarei contar por quantas vezes aqui fiquei e ainda ficarei, por razões que meu inconsciente desconhece em todas as suas facetas, já que a beleza e o “clima” do local são insuperáveis.

À beira-mar avisto algumas varas de pescar com seus solitários pescadores, homens que ganharam a sorte de viverem entre a terra e o mar.

Pessoas caminham na areia da praia, em ritmos distintos, buscando, quem sabe, manter seus corpos em forma e suas mentes relaxadas. É visível o seu envolvimento com o lugar.

Quero-queros voam e cantam numa sinfonia digna de orquestra, deixando no ar a sensação de que o mundo reside aqui – e nada mais será descoberto com tamanha leveza.

Uma turma de aposentados faz seu "escritório" debaixo de um dos coqueiros. Diariamente marcam ponto no local, deliciando-se com conversas regadas à muita cerveja. Sem dúvida, um trabalho!

É prazeroso sentar em uma mesa de bar, com os pés descalços na areia da praia, tendo o mar – o infindável mar - diante dos olhos. Hoje ele está calmo, mas nem sempre é assim. Algumas vezes suas águas ficam arrepiadas, onduladas pelo vento nordeste que avizinha-se para mostrar que também demarca o seu espaço.

Para beliscar, peço quase sempre um pastel de camarão com palmito e, para matar a sede, uma água tônica com gelo e limão. Tudo simples, assim como o lugar, assim como gosto de ser.

Nesta curva faço uma das coisas que mais gosto: ler um bom livro e viajar com ele – e como viajo!

Neste pequeno braço de mar a natureza explode em todo o seu esplendor e, na simplicidade, toda a sua complexidade. Ambigüidade a ser estudada!


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira

Imagem: arquivo pessoal

quinta-feira, novembro 10, 2011

Terapia


a princípio o susto
muro a ser pulado

ordem do "só depois"
aflorar e solidificar sentimentos

tempo de olhar para dentro
sentir os movimentos

se redescobrir
entender
reconstruir o ser


Texto: Roberto Passos do Amara Pereira
Imagem ; google

domingo, novembro 06, 2011

A Biblioteca


Neste final de semana inspirado pela leitura do livro " Biblioteca À Noite” de Alberto Manguel, revolvi arrumar a minha estante. Em seu livro, Manguel descreve as várias formas técnicas e algumas afetuosas, para se catalogar uma biblioteca. É um livro interessante, já que também revela algumas atrocidades cometidas em várias bibliotecas ao longo do tempo.

Meus livros estavam realmente muito desarrumados. Comecei ajeitando de cima para baixo. No alto, coloquei todos os livros que eu ganhei e já li, e que guardarei para sempre como lembranças de amigos.

A seguir coloquei os livros que eu li há menos tempo, seguindo assim essa ordem. Finalmente, na parte mais baixa da estante, bem ao alcance de minhas mãos, estão os livros que eu já li ; e que me marcaram muito- quase sempre os releio.

Também tenho alguns livros no armário (livros aguardando leitura) que ficam ao lado da minha cama. Em cima do meu criado- mudo (coisa mais antiga, não?) ficam o livro “ 1001 livros para ler antes de morrer”, e os dois volumes de “As Mil e Uma Noites”. Sempre leio um ou o outro antes de pegar no sono. Deixo também ali, um livro com maior possibilidade de ser a próxima leitura.

O livro que estou lendo carrego sempre na minha pasta de trabalho. Leio quando tenho oportunidade, principalmente quando estou na praia da Curva da Jurema, após o trabalho. A verdade é que eu não escolho o livro que leio. Ele é que me escolhe. É algo mágico e sedutor.

Os livros são a minha extensão. Algo que se acopla, pluga. Um mar de palavras e sentimentos que banham meu ser.


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira

Imagem: arquivo pessoal

Olhos Que Amo


Desprentensiosamente
no divã
cama
ou chão
falo do sentimento
de estar no repouso dos olhos que amo

corpo mar plugado
Brisa / sintonia
mente / palavras / poesias

feito livro aberto
extensão / espelho
desperto pelo beijo de pele


Texto: Roberto Passos do Amaral Pereira
Imagem : google